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Encarregado de negócios da embaixada americana diz a empresários que EUA querem acesso a minerais críticos do Brasil

Principal nome da representação procurou associação que representa mineradoras

Minério de lítio viaja em correias transportadoras na refinaria Sigma Lithium Xuxa, perto de Itinga, Minas Gerais, Brasil

Minério de lítio viaja em correias transportadoras na refinaria Sigma Lithium Xuxa, perto de Itinga, Minas Gerais, Brasil — Foto: Dado Galdieri/Bloomberg

O governo dos Estados Unidos está interessado em realizar acordos com o Brasil para a aquisição dos chamados minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras. Essa mensagem foi transmitida a representantes do setor de mineração brasileiro, em reunião na quarta-feira, pelo encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar. Ele é o principal representante dos EUA em Brasília, já que a representação americana no país está sem embaixador.

Conforme relatou ao GLOBO o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, Escobar ouviu como resposta que qualquer negociação nesse sentido deve ser decidida pelo governo brasileiro, e não pelos empresários do setor. Afinal, esses minerais são bens da União.

— Foi demonstrado o interesse dos Estados Unidos nos chamados minerais críticos e estratégicos, mas deixamos claro que cabe ao governo decidir — disse Jungmann.

O caso foi levado em seguida por Jungmann ao vice-presidente Geraldo Alckmin. O vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no comando das negociações com os EUA, na tentativa de evitar que as exportações brasileiras sejam prejudicadas pela aplicação de uma sobretaxa de 50%, prevista para entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto.

Interlocutores do governo brasileiro afirmaram que as empresas têm concessão da União para explorar e vender esses produtos. Isso é feito geralmente por meio de processos públicos e não há restrição a nenhum país. No entanto, o momento atual é de crise entre os dois países e a oferta desses minerais aos EUA não poderia ocorrer deliberadamente, sem uma barganha.

De acordo com interlocutores do governo brasileiro, os EUA jamais deram sinais de que gostariam de incluir o acesso a minerais críticos e estratégicos em uma negociação em torno da política tarifária americana para o Brasil. Até agora, o presidente Donald Trump tem deixado claro que um acordo deveria incluir o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Judiciário brasileiro. Mas não é uma surpresa o interesse da Casa Branca pelo setor.

Procurada, a embaixada dos EUA informou que o encarregado de negócios participou de um encontro com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração e que não divulga conteúdo de reuniões privadas.

Raul Jungmann explicou que a legislação brasileira não prevê compra, nem venda de minerais estratégicos de governo a governo. Entretanto, é possível a participação de empresas americanas no país por meio de parcerias, como joint-ventures.

— Isso é aberto para todos, australianos, canadenses, chineses, peruanos, até o Afeganistão pode ter participação na exploração mineral brasileira. Nossa percepção é que os EUA gostariam de discutir esse tema — disse.

Dos 51 tipos de minerais que interessam os EUA, o Brasil tem reservas relevantes de cobre, lítio, silício e terras raras.

Os minerais críticos e estratégicos são recursos importantes para o desenvolvimento econômico e tecnológico. O nióbio, por exemplo, é considerado essencial para a indústria siderúrgica, viabilizando ligas leves e resistentes de aços avançados, materiais magnéticos e supercondutores.

Para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a oferta desses produtos se tornou uma questão de geopolítica. Mas o tema não havia sido mencionado em manifestações anteriores de Trump sobre o Brasil.

Logo que assumiu, em janeiro deste ano, o presidente republicano adotou uma estratégia agressiva em relação ao tema: chegou a ameaçar tomar a Groenlândia da Dinamarca e passou a pressionar a Ucrânia, em guerra contra a Rússia, a ceder direitos de exploração.

Em 2024, o Brasil exportou cerca de 400 milhões de toneladas de minérios em 2024, totalizando aproximadamente US$ 43,4 bilhões (R$ 250 bilhões). A balança comercial brasileira é positiva para minerais. No ano passado, as exportações superaram 2 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 6,3 bilhões (R$ 36,4 bilhões).

Os principais destinos foram a China, responsável por 24%, e a Alemanha, com 12% do total. Por outro lado, o Brasil importou aproximadamente 400 mil toneladas desses minerais em 2024, com custo de US$ 4,392 bilhões (R$ 25,3 bilhões).

A reunião com o Ibram foi pedida pelo próprio Escobar. Os dirigentes da instituição comentaram que está sendo montada uma comitiva de empresários que viajará aos Estados Unidos, para convencer os importadores americanos a pressionarem Washington por uma negociação com o Brasil.

A missão empresarial, que incluirá vários setores, deve embarcar para o país, provavelmente, em setembro ou outubro, tento em vista que agosto é mês de férias.

O país concentra a segunda maior reserva do mundo de terras raras, atrás apenas da China, em meio à valorização dessas matérias-primas.

Dados do Guia para o Investidor Estrangeiro em Minerais Críticos 2025, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), mostram que o Brasil detém 12,3% das reservas mundiais de níquel e uma participação de 2,47% na produção internacional. Em grafita, 26,4% das reservas globais são brasileiras, mas a produção local atende 4,56% da demanda.

No caso das terras raras, o país possui 19% das reservais totais e apenas 0,02% da produção mundial. Em lítio, 4,9% das reservas são brasileiras e 2,72% da oferta global. O Brasil é rico em nióbio, com 94% das reservas e 90% da produção do mundo, e detém reservas importantes de vanádio, manganês e bauxita.

Só o estado de Minas Gerais, que tem os maiores estoques, está atraindo investimentos que passam dos R$ 5 bilhões. No caso do lítio, os aportes estimados até 2030 para a produção do mineral são calculados em R$ 15 bilhões pelo Ministério de Minas e Energia.

O Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, desponta como polo produtor no Brasil. De nióbio, mineral usado em supercondutores e em baterias de íons de lítio, o Brasil detém mais de 90% das reservas mundiais.

De acordo com interlocutores do governo brasileiro, os EUA jamais deram sinais de que gostariam de incluir o acesso a minerais críticos e estratégicos em uma negociação em torno da política tarifária americana para o Brasil. Até agora, o presidente Donald Trump tem deixado claro que um acordo deveria incluir o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Judiciário brasileiro. Mas não é uma surpresa o interesse da Casa Branca pelo setor.

Professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial (Labmundo), Rubens Duarte afirma que o interesse de China e EUA pelos minerais do Brasil é esperado. Como grande parte desses minérios é utilizada para fabricação de bens que o Brasil não produz, seja por falta de capacidade industrial ou tecnológica, a exportação é um caminho possível e provável.

— Não surpreende que a descoberta de reservas de materiais críticos e estratégicos em território brasileiro desperte o interesse de potências mundiais, em especial da China e dos Estados Unidos. A exploração desses recursos naturais pode entrar na mesa de negociação comercial com os Estados Unidos, inclusive como moeda de troca para outras vantagens. Cabe ao governo brasileiro, portanto, verificar quais acordos serão mais vantajosos para o país, levando em consideração as consequências políticas e econômicas, que estão acentuadas devido à disputa geopolítica entre China e EUA — disse.

Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), afirmou que a possibilidade de o governo Trump forçar um acordo quanto às sanções tarifárias impostas ao Brasil por meio de acesso às reservas brasileiras de minerais críticos revela um padrão de comportamento visto em outras negociações.

Carmona ressaltou que a questão dos minérios, sobretudo naqueles em que os EUA têm maior dependência, é tema chave da postura americana. Um exemplo foi a negociação com a Ucrânia, que teria que compensar o apoio de Washington fornecendo esses minerais.

— Não é o caso do Brasil, que não deve aceitar um acordo sobre minerais desfavorável aos seus interesses nacionais. É preciso ter em alta conta que, na realidade do mundo atual, a gestão dos minerais críticos e estratégicos é um fator de segurança nacional — disse ele.

O consultor Luís Fernando Madella disse que se houver interesse dos EUA em introduzir os minerais em uma negociação avançar, será algo positivo. Ele ressaltou que Trump não costuma mostrar as cartas nesse jogo comercial.

Fonte: O Globo

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