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Quando chega a época de estiagem, a natureza pede socorro. A imprudência de algumas pessoas provoca incêndios que podem tomar proporções inimagináveis, destruindo áreas de mata e prejudicando a fauna. Por isso, medidas preventivas se tornam essenciais para evitar tragédias ambientais.
Neste sábado (4), Dia da Natureza, o g1 traz um exemplo de sucesso: o Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP), que há mais de dez anos não registra incêndios em suas matas. Maior remanescente de Mata Atlântica do interior de São Paulo, a unidade é símbolo de preservação.
O gestor do parque, Eriqui Inazaki, atribui o resultado à integração e ao trabalho intenso das equipes que atuam na proteção da fauna e da flora. Há 11 anos à frente da gestão, ele lembra que o último registro de incêndio foi em 2012 – 13 anos atrás.
“Começamos os trabalhos já em janeiro, articulando com prefeituras e usinas para abrir mais de 180 km de aceiros. Além disso, temos apoio de bombeiros civis, rondas diárias e monitoramento por satélite, o que permite agir rápido em qualquer princípio de incêndio”, explica ao g1 o gestor do parque.
As fiscalizações também contam com o apoio da Polícia Militar Ambiental e Polícia Militar Rodoviária.
Gestor credita sucesso à integração e ao trabalho intenso das equipes que atuam na proteção da fauna e da flora — Foto: Fundação Florestal
Nos últimos anos, o programa estadual “São Paulo sem Fogo” e a contratação de equipes especializadas reforçaram a estratégia. O parque, contornado pelo Rio Paranapanema em mais de 40 km, conta hoje com veículos 4×4 equipados, bombas costais, sopradores e outros equipamentos, além de vigilância permanente.
O sistema Pantera, que identifica focos de calor via satélite, é outra ferramenta que tem auxiliado no combate e prevenção de incêndio.
Apesar da ausência de focos de fogo dentro do parque, a região ainda convive com queimadas frequentes em áreas de cana e pastagem. “A comunicação rápida com proprietários rurais e a integração com Defesa Civil e usinas têm sido fundamentais para evitar que o fogo atinja a reserva”, acrescenta Eriqui.
Rio Paranapanema margeia o parque, em Teodoro Sampaio — Foto: Stephanie Fonseca/g1
Segundo consta no Guia de Áreas Protegidas da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), o Parque Estadual Morro do Diabo tem cerca de 33.845 hectares de floresta estacional semidecidual, sendo uma das quatro maiores áreas – com mais de 10.000 ha – desse tipo de vegetação no estado.
Antigamente, a floresta original cobria parte dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, até ser fragmentada ou desmatada. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as áreas totais dos estados somam, aproximadamente, 1.077.737,454 km² – ou 107.773.745,4 hectares.
O bom estado de conservação permite a ocorrência de espécies diversas, em especial aquelas ameaçadas, como anta, queixada, bugio, onça-parda e onça-pintada. “São animais topo de cadeia que se a gente não cuidar logo, em alguns anos não vão existir mais”, diz Eriqui.
Mico-Leão-Preto é destaque na fauna do parque, em Teodoro Sampaio — Foto: Gabriela Cabral Rezende
O maior símbolo da biodiversidade local é o mico-leão-preto, que já foi considerado extinto e hoje tem no parque sua maior população livre no mundo, com cerca de 1.300 indivíduos monitorados.
“Temos muito orgulho de falar do mico-leão-preto. Temos pesquisa que acompanha ele aqui há mais de 40 anos. É um animal que era para não existir mais no planeta Terra e nós temos eles aqui ‘guardadinhos’ e estamos cuidando deles para que não chegue à extinção”, destaca ao g1.
Instalação de alambrados contribui para evitar atropelamentos — Foto: Fundação Florestal
A flora também se destaca: a unidade abriga a maior reserva de peroba-rosa, espécie importante para reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.
“Aqui, a gente perder uma uma árvore centenária, uma onça-pintada, são valores imensuráveis. Quem perde é a humanidade, não é só o parque, só a cidade. Somos todos nós e as futuras gerações. Esse é o sentimento mesmo: cuidar de um baú muito precioso para que isso perdure por muitos anos”, reforça.
O turismo ambiental é outro ponto forte. Veja abaixo as trilhas e ciclorrotas disponíveis. Mais detalhes podem ser encontrados no Guia das Áreas Protegidas.
Trilhas e ciclorrotas do Parque Estadual Morro do Diabo
Atividade | Extensão | Dificuldade |
Trilha do Morro do Diabo | De 2 km a 3 km | Moderada |
Trilha do Barreiro da Anta | De 1 km a 2 km | Fácil |
Trilha da Lagoa Verde | Até 500 m | Fácil |
Trilha do Mico-leão-preto | De 1 km a 2 km | Fácil |
Trilha da Cotia | De 2 km a 3 km | Fácil |
Ciclorrota – Trilha do Paranapanema | De 2 km a 3 km | Fácil |
Ciclorrota – Trilha do Pedro Bill – Ecobike | De 1 km a 2 km | Fácil |
Ciclorrota – Caminho das Onças – Nível Iniciante | De 13 km a 14 km | Moderada |
Ciclorrota – Caminho das Onças – Nível Experiente | De 31 km a 32 km | Moderada |
Ciclorrota – Rota das Capivaras | De 5 km a 6 km | Moderada |