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“Arquivo retrata um pensamento meu que foi digitalizado”, disse o general, que está preso. “Uma análise de riscos. Por um costume próprio, decidi, inadvertidamente, digitalizar. Não foi mostrado a ninguém. Não foi compartilhado com ninguém”, alegou.
Fernandes afirmou que o documento “não passa de um pensamento digitalizado”. “Me arrependo de ter digitalizado isso. Não passa de um compilamento de dados.”
O plano foi impresso porque, segundo o general, queria lê-lo em papel. “Imprimi por um costume pessoal de evitar ler documento na tela. Imprimi para mim. Logo depois, rasguei.”
Questionado sobre o motivo de ter feito três cópias do plano no Planalto em dezembro de 2022, o general culpou a impressora. “Não me lembro de ter impresso em três cópias. Acho que foram três folhas, não três cópias. Se foram três cópias, acredito que seja relativo à configuração da impressora que estava em uma impressão anterior. Não me lembro de ter impresso três cópias.”
General da reserva falou publicamente pela primeira vez desde que foi preso. Sua prisão foi decretada em novembro do ano passado, após a Polícia Federal encontrar em seus equipamentos eletrônicos o plano “Punhal Verde e Amarelo”, com uma estratégia detalhando diferentes cenários para matar Lula, Alckmin e Moraes.
Plano previa morte de autoridades
Para Polícia Federal, o plano Punhal Verde Amarelo “continha um verdadeiro planejamento com características terroristas”. Segundo a investigação, o documento previa “uso de químicos para causar um colapso orgânico” de Lula.
Uso de “artefato explosivo” para matar Moraes era previsto no plano. Outra possibilidade era assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal por meio de envenenamento em evento oficial público, de acordo com investigação.
Documento descrevia uso de armamento pesado. Pistolas, fuzis, metralhadoras e até um lança granada estavam entre os itens que, segundo a Polícia Federal, poderiam ser usados na execução do plano.
Plano foi impresso duas vezes no Palácio do Planalto. De acordo com a Polícia Federal, as impressões aconteceram nos dias 9 de novembro e 6 de dezembro de 2022, após o ex-presidente Bolsonaro ser derrotado por Lula nas eleições realizadas em outubro daquele ano.
Fernandes faz parte do núcleo 2 da trama golpista. Os integrantes depõem hoje e são acusado de “gerenciar” ações na tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder.
Acusação se baseia em delação e mais provas. A investigação da PF reuniu vários elementos, incluindo mensagens, arquivos encontrados em buscas e depoimentos do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Eles apontam que Mario Fernandes teria estado no Palácio do Planalto num dia em que Bolsonaro estava presente. O plano golpista foi impresso nessa ocasião. O militar seria, nas palavras de Cid, um radical que teria insistido no golpe antes mesmo do segundo turno.
Fernandes “assessorou” Bolsonaro. A PF recuperou conversas de Fernandes com Cid que indicam que o general “assessorou” Bolsonaro para dar seu primeiro discurso após a derrota para Lula em 2022. O ex-presidente ficou recluso após o segundo turno e só falou com apoiadores do cercadinho do Alvorada no dia 9 de dezembro. Mensagem de Fernandes para Cid no mesmo dia comemora o fato e aponta que o discurso teria sido uma sugestão do próprio general.
Supremo realizou interrogatórios dos réus dos núcleos 2 e 4 da trama golpista nesta tarde. Ao todo 12 réus foram ouvidos, faltando agora apenas Silvinei Vasques, ex-diretor geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal). O núcleo 2 é formado pelos servidores de segundo escalão da gestão Bolsonaro acusados de “gerenciar” ações golpistas, incluindo o plano de assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do STF e a operação da PRF para priorizar estados do Nordeste em blitze no segundo turno das eleições de 2022.
Audiências estão sendo realizadas por videochamada. No núcleo 1, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus ex-ministros, as sessões foram presenciais. Defesas dos acusado criticam agilidade do processo e falta de tempo para analisar todo o material que foi juntado na ação.
Os réus podem ficar em silêncio, mas ninguém usou do direito de ficar calado até agora. Neste momento do processo, o juiz do caso, os advogados das partes e o Ministério Público Federal poderão fazer questionamentos a todos os réus. Cada um tem a oportunidade de se explicar e rebater as acusações da denúncia.